terça-feira, 29 de setembro de 2015

1ª semana em casa

A primeira semana em casa foi a mais difícil. Eu precisava tomar vários remédios a cada seis horas e meu estômago já estava reclamando. 

A anemia me deixava bem cansada, sem energia. Tomar banho, por exemplo, era muito desgastante. Trocar de roupa, fazer curativo...tudo isso era muito cansativo. 

Eu precisava de ajuda para tudo. Para deitar e levantar da cama ou do sofá eu precisava ser guinchada. Para colocar ou tirar roupa, para pentear o cabelo, para comer, dar descarga, acionar a torneira...tudo...eu não tinha força pra nada. E quando tentava fazer alguma dessas coisas era bem dolorido e acabava desistindo.

Meu marido cuidou muito da minha alimentação. Pegava no meu pé mesmo para eu me alimentar. Eu não tinha apetite. Ele fazia sucos e sopas. Durante todo o dia ele me dava muitas frutas também. Me dava bife de fígado, arroz, feijão, carne, frango, peixe e vegetais para comer. Quem me conhece sabe que eu não como carne vermelha, então era muito difícil pra mim, mas eu queria melhorar logo, então eu comia tudo o que ele colocava no prato. Fazendo careta igual criança, mas comia.

Eu me sentia muito fraca e passava o tempo quase todo deitada ou sentada com travesseiros nas costas. 

Continuava bastante inchada. 

Espirrar era estranho. A primeira vez que espirrei achei que todos os parafusos iam sair do lugar. Foi muito esquisito. Parece que "balança" tudo lá dentro. 

As minhas costas ainda estavam bem sensíveis e era muito difícil quando trocava o curativo ou lavava a região da cicatriz.

Dormir só de barriga pra cima. Durante todo o tempo que fiquei no hospital eu dormia assim e em casa não foi diferente. Deitar de lado era dolorido. 

A região do omoplata doía muito, muito mais que as outras partes. 

Minha pressão que já é baixa normalmente, ficou ainda mais baixa. Teve um dia que eu quase desmaiei durante o banho. Sorte que meu marido estava comigo e me segurou, senão eu ia pro chão. 

Apesar de tudo isso, eu fazia caminhada diariamente no condomínio em que moro. Eram 10 ou 15 minutos e só. Quando o cansaço batia forte eu caminhava dentro do apartamento mesmo. Rolê sala-quarto-cozinha.  

O bom de estar em casa era que eu conseguia dormir melhor. 

No final dessa semana os sintomas da anemia já eram menores e eu começava a me sentir mais forte. A medicação mais pesada acabou e ficou apenas o remédio para dor, se necessário. O meu médico prescreveu 2 comprimidos. Comecei a tomar apenas 1 para testar e percebi que era suficiente. A dor ia embora. 

A melhora era lenta. Cada dia eu me sentia um pouquinho melhor. Acho que se não fosse pela anemia, eu teria enfrentado essa semana com mais facilidade.










quinta-feira, 24 de setembro de 2015

4º dia no Quarto - Alta do hospital

Como nos outros dias acordei muito enjoada, com a cabeça rodando, a pressão baixa e com muitas náuseas, mas dessa vez não vomitei.

Tomei café da manhã e depois um banho. Só que como nos outros dias sentada. Fiquei pensando como ia tomar banho em casa....

Fiquei lá quietinha esperando a alta médica. Foi o dia mais longo de todos. As horas não passavam. 

Almocei. 

O médico assistente do Dr. Marcus, o Dr. Alexandre Roberto Aprile, foi lá me visitar. Disse que eu estava com anemia e receitou duas bolsas de sulfato ferroso para eu tomar antes da alta médica. 

Parecia que estavam injetando coca-cola em mim...rs

Conforme a medicação ia entrando na minha corrente sanguínea eu ia me sentindo melhor. Meu estado geral melhorou muito. Só que de tudo que tomei no hospital, essa medicação foi a que mais demorou. 

Minha mãe já tinha feito as malas, marido e filha ansiosos para a minha saída e aquilo pingando devagarzinho, devagarzinho...

O Dr. Alexandre conversou longamente comigo e com o meu marido sobre os cuidados que precisaríamos ter em casa. Ele receitou vários medicamentos e deixou a papelada para a minha alta assinada.

Basicamente eu não poderia abaixar, pegar peso e rotacionar o tronco. Assim parece fácil, mas na prática....

Tomei café da tarde e nada da medicação acabar.

Quando a bendita medicação acabou, chamamos a enfermeira Mércia e ela ajudou a me preparar para sair do hospital. 

Minhas calças não entravam. Voltei com uma calça da minha mãe. Sutiã nem pensar. Aliás, só de pensar em colocar eu já sentia dor. O jeito foi voltar com uma blusa preta bem larguinha e como estava frio eu coloquei um casaco por cima. Peitolas sem sutiã devidamente escondidas! 

A Regiane me orientou a ficar atenta com os calçados. No hospital eu só usei chinelo havaiana, porque ficava firme no pé e para ir embora fui de tênis. Cair ou tropeçar era assustador demais.

Chegou um enfermeiro com uma cadeira de rodas. Dei o maior rolê pelo hospital. Do quarto onde estava até o estacionamento onde estava nosso carro era bem longe. 

Antes de partir me despedi da equipe que tinha cuidado de mim. Todos foram maravilhosos. Muita gratidão por eles! 

Marido colocou um travesseiro no banco da frente e me ajudou a entrar no carro. Foi um tanto complicado, mas conseguimos. Ele passou o cinto de segurança em mim, filhota se ajeitou atrás e lá fomos nós.

Antes de pegar a estrada passamos na casa da Tia Pi (que é bem próxima ao hospital). Ela ficou na portaria do prédio esperando. Nem descemos do carro. Só queríamos agradecer tudo o que ela tinha feito por nós. Eu fiquei muito emocionada quando disse pra ela "estamos voltando para casa"

E pegamos a estrada. Dentro da cidade foi meio doloridinho, apesar de todo o cuidado do meu marido em dirigir, mas na estrada foi mais tranquilo.

Chegando em Campinas precisávamos passar em uma farmácia para comprar a medicação que o Dr. havia receitado e que eu precisava começar a tomar imediatamente, pois os efeitos dos remédios que havia tomado no hospital já tinham passado e as dores chegavam com tudo. Além disso eu estava com fome.

Marido passou na casa da minha sogra (que é bem perto da minha casa e da farmácia também). Eu e a Quel ficamos lá, enquanto ele foi comprar os medicamentos. 

Cheguei e já fui procurando a cama da sogra. Foi bem difícil deitar. Fiquei lá deitada até a minha sogra terminar a sopa que estava no fogão me esperando. Ela me ajudou a levantar da cama e me deu a sopa (na boca porque era doloroso demais tomar sozinha). Estava terminando de tomar, quando marido chegou. 

Fomos para casa. E nada como chegar em casa. Que alegria! Que emoção!

Saí de casa com o coração cheio de esperança e voltei com ele cheio de gratidão. O pior já tinha passado. Obrigada, Senhor!

Chegando em casa, marido me ajudou a colocar o pijama e a escovar os dentes. Me deu os remédios que eu precisava e eu dormi algumas horas.

Acordei de madrugada para tomar a medicação e fazer xixi. Levantar e deitar na cama sozinha era muito dolorido, então meu marido me ajudava.

Do mesmo jeito que no hospital eu não tinha força para acionar a torneira e a descarga. Estava dependente para tudo.

(a única coisa que eu conseguia fazer sozinha era me limpar no banheiro! Ufa! Pelo menos isso!)











































quarta-feira, 23 de setembro de 2015

3º dia no Quarto


Acordei com dor e muito enjoada. Vomitei novamente. 

Como no dia anterior, tomei banho e o banho era um santo remédio!

Eu me mexia sempre muito devagar. O corpo todo estava muito dolorido e eu muito inchada. 

Eu não tinha força nem para acionar a torneira ou a descarga. Precisava de ajuda para tudo.

Pentear o cabelo e passar xampu era muito dolorido (eu tentei, mas desisti!).

Fazia muito frio nesse dia. Pedi para a Mércia colocar uma calça em mim. Estava muito inchada e a calça do pijama quase que não entrava. Ela sugeriu que eu colocasse a blusa do pijama também, mas não tive coragem. A camisola do hospital era bem confortável! rs

Meu médico veio me visitar e disse que no dia seguinte eu teria alta. Eu sinceramente não me via bem o suficiente para ter alta, mas queria ir para casa logo. Nunca havia ficado tanto tempo em um hospital. 

E depois a rotina do meu marido, da minha filha e da minha mãe estava bem difícil também. Eles se desdobravam para me ajudar e precisavam descansar. E nada como a casa da gente, né?!

(mal sabíamos que em casa "o barato ia ficar louco"!)  :(

Minhas irmãs Sharon e Yasmin foram me visitar. Uma grande alegria pra mim! Passaram o dia todo comigo!

A Cris, a Amanda e a Amélia também foram me visitar. Era muito bom receber essas visitas! 

O dreno foi retirado. Não senti dor alguma. Foi bem tranquilo. E uma dorzinha chata que eu tinha no local do dreno sumiu. Fiquei com uma ferida bem feia nesse local, mas ela não doía. Meu marido até tirou foto para eu ver porque ele achou que eu estivesse sentindo dor ali, mas não doía não. Ali não doía, só em todo o resto....aff.

Trocar o curativo era bem doloroso porque minhas costas estavam muito sensíveis. Meu médico me explicou que essa sensação ainda permaneceria por algumas semanas. 

Nada nem ninguém podia tocar nas minhas costas sem que eu sentisse dor. Sentia também muita aflição. O meu médico até me disse que isso tem um nome, mas eu esqueci.

Trocar curativo era tenso.

O lençol e a camisola precisavam estar beeemmmm esticadinhos. Qualquer dobrinha de tecido em contato com a minha pele era demais para mim.

Se você for visitar uma pessoa que acabou de operar a coluna não dê tapinhas nas costas dela durante o abraço, combinado?! Nem abrace. É, não abrace, não toque no tronco da pessoa. Parece meio óbvio, mas as pessoas fazem isso. Acredite! Deve ser a força do hábito...

Consegui ficar sentada na poltrona do quarto sem ficar com a cabeça rodando. 

Comi e dormi melhor. 

Eu tinha uma sensação de que eu estava torta quase que o tempo todo. Quando eu deitava sentia que minha cabeça estava "caindo". Quando eu sentava sentia que estava tombando para o lado. Era muito estranho. Só que normal. Meu médico explicou que o cérebro leva um tempo para entender que o corpo havia mudado.

Conversei com a fisio sobre isso também e ela me orientou a ficar me olhando no espelho para que o cérebro entendesse a minha nova postura. 

E me olhar no espelho foi ótimo. Além de melhorar essa sensação me deixou muito feliz. Apesar de estar muito inchada era possível ver as alterações no meu corpo. Tudo alinhado. Tudo retinho. 

Ombros, cintura, quadril tudo alinhado e a giba tinha praticamente desaparecido. O sentimento era de que estava valendo a pena passar por tudo isso!

Fiz fisioterapia. Alguns exercícios respiratórios e lá fui eu passear no corredor. Dessa vez foi um pouco mais fácil.

Agora "das coisas que a gente só conta porque tem blog"....para ter alta eu precisava fazer o número 2, só que toda a medicação que eu estava tomando me impediam de fazer o número 2. A minha dieta era laxativa, mas nem assim.....nadica de nada....e eu já estava há vários dias sem fazer....

As enfermeiras começaram a me dar muitos remédios laxativos e toda a família estava na torcida para que eu conseguisse e assim ter alta no dia seguinte. No grupo da minha família no WhatsApp era um tal de #vaicocô e #façamerda. Não aguento esse povo! kkkkkk

Por volta das 23h consegui. Ufa!

#fizmerda

ps: pq né, a gente tá lá toda ferrada no hospital, cheia de dor, mas não perde o bom humor! :) 


























sexta-feira, 18 de setembro de 2015

2º dia no Quarto

Durante todo o período em que fiquei internada eu dormia aos pouquinhos. Eram apenas pequenos cochilos. E só. 

A dor era constante, mas a medicação tornava suportável. 

Acordei muito enjoada. Não consegui comer nada, apenas tomei leite com café. Me sentia mal. 

A enfermeira me deu a medicação e tirou a bomba de morfina. E me disse que o fisioterapeuta estava lá fora. Pedi para a enfermeira avisá-lo que eu não estava, mas não teve jeito...rs

O fisioterapeuta entrou no quarto e disse que íamos andar. Eu falei que me sentia mal e ele insistiu. 

Bastou ele me sentar na cama para a minha cabeça começar a rodar. Ele disse que era assim mesmo e que ia me colocar de pé. Eu insisti com ele que não estava me sentindo bem e ele me colocou de pé. O homem era mais teimoso que eu! Hunf!

Mal encostei os pés no chão e já comecei a vomitar no fisioterapeuta. Tadinho! O jaleco dele era tão branquinho! Eu avisei que eu não estava bem. 

E eu não sei você, mas eu não posso vomitar que me dá vontade de chorar. Aí eu vomitava, chorava e sentia uma dor nas costas absurda (não teve jeito acabei encurvando o corpo e isso doeu muito!).

Passei muito mal. Ele me sentou novamente na cama e chamou uma outra enfermeira. A Mércia, um anjo de pessoa. Cuidou de mim com tanto carinho! Bjo Mércia!

Aí a Mércia vendo a minha situação me colocou na cadeira de banho e me levou para o banheiro. Gente! Que sensação maravilhosa tomar banho!! E finalmente banho de chuveiro!  Eu saí dali renovada! 

A água quentinha aliviava as dores, relaxava....era bom demais! Mércia me deu banho, me vestiu, me ajudou a escovar os dentes, penteou meu cabelo e me deitou na cama.

Agora eu era gente cheirosa novamente!

Só que fiquei exausta! Tudo isso me cansou demais! 

Passei o resto da manhã quietinha. Marido e filha chegaram. 

Almocei bem pouco. A comida não descia. Aí meu marido conversou com a pessoa responsável pela alimentação e ela mudou a minha dieta e passou a me mandar sopas e caldos, ao invés de arroz com feijão e carne. Aí era mais fácil para o meu estômago aceitar. 

No começo da tarde a Regiane e a Aline foram me visitar. Nem acreditei! Fiquei tão feliz! Eu falei da Regiane aqui e da Aline aqui.

Foi muito bom ver duas pessoas que já tinham passado por tudo aquilo que eu estava passando ali na minha frente. As duas super bem, felizes e com as colunas parafusadas também!

Conversamos muito! Elas passaram a tarde toda lá. Conversaram com meu marido, minha filha e minha mãe. E foram tão carinhosas comigo. Tão amigas. Parecia que a gente já se conhecia desde a infância....rs

E era 9/7, feriado em São Paulo. As duas passaram a tarde toda de um feriado lá no hospital comigo. Tem como não ficar com o coração cheio de amor e gratidão?! Duas lindas! 

Enquanto elas estavam lá veio um outro fisioterapeuta me ver. Ele disse vamos passear no corredor?! Aí eu contei para ele o que aconteceu pela manhã. Ele disse que já sabia, mas que agora seria diferente.

E foi mesmo. Ele me sentou na cama. A cabeça começou a rodar. Respirei fundo. Ele me colocou de pé. Respirei mais ainda. E aos pouquinhos consegui dar meus primeiros passos pós cirurgia.

Passos lentos e um tanto dolorosos, mas passos. Eu estava andando. E reta, muito reta (e estava segurando o meu dreno tb!).

Saímos do quarto e avançamos pelo corredor. Devagar e sempre. Aos poucos a cabeça foi parando de rodar e a sensação de andar começou a ser bem boa! 

As meninas me incentivavam, mamis chorava, marido filmava e filha ia caminhando ao meu lado.

E sem fraldas! Quando eu precisasse ir ao banheiro bastava chamar uma enfermeira para me tirar da cama e me levar até lá. Ufa! Foi um acontecimento! :)

Voltei para a cama para descansar. Exausta novamente.

Regiane e Aline foram embora e a Pivarada veio me visitar novamente. 

Consegui comer e dormir um pouco. O dia foi bem animado.